terça-feira, outubro 25, 2005

Viagens numa colher de chá

No tempo em que possuir uma colher de chá metálica, cunhada com o logotipo de uma companhia aérea, era sinal que se tinha viajado de avião, e sendo realistas não foi assim à tanto tempo, era também o ponto para iniciar a conversa numa das tantas reunioes de familia e amigos. Afinal ali, de volta de uma simples colher, começava uma aventura que remetia desde à comida do avião, da hospedeira simpática (ou nem tanto) e dos poços de ar com o sempre presente medo de voar, até chegar finalmente ao destino no qual o voo se dirigia, ao hotel, à cidade ou até às merecidas férias.

Não se pode culpar o 9/11 (para os mais leigos nos americanismos, o 11 de Setembro) pelo desaparecimento das colheres de chá metálicas cunhadas. Afinal o desaparecimento das mesmas é um custo a ser contabilizado no preço da viagem - e todos os tostões contam. Agora existem colheres de plástico, mais leves, baratas e mais fáceis de gerir bastando ir para o lixo no final do voo - tão simples como as que se encontram num supermercado qualquer, sem história, sem aventura.

Se, no ponto de vista de um centro de custo, pode ser visto como uma vitória para sustentar preços já espremidos da classe económica, no ponto de vista global de uma companhia aérea, o custo das colheres cunhadas sempre foram imputados ao lugar errado. A colher de chá devia ser imputada ao departamento de Marketing!

O Marketing de uma companhia, que investe fortemente em publicidade, programas de relação, lounges e cadeiras ergonómicas, pode perder factores importantes de continuídade de uma relação da marca com o passageiro, com o ignorar de uma simples colher cunhada contadora de histórias.

Por vezes pequenas coisas apoiam, também, no intensificar da marca e consequente lembrança.