segunda-feira, setembro 11, 2006

Férias de Verão (com)prometidas

O turista que visita um destino, e não o viajante que o percorre, pretende que o local para o qual juntou dinheiro ao longo de um ano de trabalho seja perfeito. Procura também a forma mais rápida e barata de chegar. Muitas vezes a escolha é motivada através do aconselhamento do seu agente de viagens e claro pela opinião de amigos, outras simplesmente pelo impulso de uma fotografia ou de um programa de televisão.

O turista das férias de Verão também não quer estar sujeito a variáveis que comprometam as suas merecidas férias, sejam estas atrasos nos voos, cancelamentos, mau tempo, comida de menor qualidade ou um empregado de mesa menos agradável.

É importante reter que este tipo de cliente confia aquela semana, que mais espera ao longo do ano inteiro, aos profissionais do turismo que lhe preparam a operação. Estes, a seu ver, deverão obviamente possuir um forte conhecimento do destino, pois escolheram os melhores hotéis, prepararam a melhor assistência local, e claro que fretaram o avião que especialmente o levará nas tão esperadas férias. Confia também que tudo isto, após ter a documentação na sua mão e a viagem paga, vai acontecer sem percalços de maior, de preferência até sem nenhuns, de acordo com o programa previsto e impresso na brochura.

Infelizmente, as operações que não assentam em aviação regular estão na sua maioria sujeitas à taxa de ocupação do voo respectivo sendo por vezes canceladas em cima da data de partida. A necessidade foca fundamentalmente nos lugares que não foram ocupados em vez dos lugares já teriam turistas ansiosos pelas suas férias, já pagas e fortemente anunciadas a colegas, amigos e família.

Por muitas desculpas que ocorram, nenhuma compensa o turista que hoje em dia tem acesso a toda a informação, que consulta os principais sites na Internet, seja para se informar da meteorologia, de hábitos locais, da sua segurança pessoal ou até à necessidade de visto. A verdade é que surge a imediata perda de confiança no operador, na operação fretada e por fim no próprio destino, que ficará marcado para época seguinte como um destino que poderá sofrer do mesmo mal, repetidamente. De facto resume-se a um único ponto: a promessa não foi cumprida.

Se muitos viajantes já criam e marcam as suas próprias férias on-line e directamente em hotéis e companhias aéreas, a sucessiva perda de confiança em operações montadas sobre aviação charter, levará num futuro próximo, a que o próprio turista de férias de Verão se aventure - este certamente deixará também de efectuar as suas férias através das agências e dos programas preparados pelos operadores.

Mais do que gerir a qualidade de uma operação, seja ela para um destino nacional ou para o local mais remoto do mundo, é fundamental gerir as expectativas e cumprir com a promessa das férias contratadas. O risco de nunca mais recuperar aqueles lugares outrora vendidos, ocorre também com os outros que o poderiam ter sido posteriormente, através dos amigos curiosos pela mesma experiência, agentes de viagens motivados e da generalização de um novo destino, que necessitaria de mais do que um ano de operação para se massificar.